O futuro chega sempre. E a indecisão sempre passa. Mas é no passado que a mágoa nasce. De onde não mais se vê vida. Vem ligeira, discreta, mas quase a roubar-nos a vida que ficou.
Num céu sem fim, escuro como o negro e cercado pela escuridão, estava ela, coberta pelo manto da dor, perdida e abandonada pelos seus sonhos e esperanças.
Ela segue... Não há nada que a possa prender aqui. Não há nada que a mantenha aqui. Só há uma coisa que ela tem a certeza de que existe mas que, na verdade, mantém a impossibilidade de existência.
Queria-te tanto. E queria-te agora. Mais do que nunca, do que em qualquer outra hora. Essa relutância tão percetível e tão previsível deixa tanto a desejar.
Era uma vez um cara que fumou dos dezenove aos trinta anos. Voltando a fumar uns dez anos depois, as vésperas da morte de sua mãe, que passara quase toda à vida sem que lhe tirassem o fumo.
Para lá da cidade chuvosa, industrial e cinzenta existe um pequeno oásis: escondido entre os prédios sociais, encaixotados, desenha-se um pequeno lago, rodeado por canas, que lembra um ambiente ori
Maria do Mar Maria do Mar veio na espuma de uma onda e chegou á borda de água, na praia onde tantas vezes vagueava sozinha nas areias brancas e desertas.
Estava tão ferido e colonizado de medos que as palavras tinham-se-lhe travado a fundo debaixo da língua. A dor era tanta que rebentava com violência a pele que revestia um corpo de outro tempo.
Quando Esperança nasceu, naquela tarde de trovoada e céu zangado, a mãe presenteou-a com o nome de quem foge do desespero, o desespero de lutar por um pedaço de pão que não se consegue multiplicar
Ela deita-se e o colchão cede debaixo do seu peso cansado. Enrosca-se um cão num tapete, deitado algures no escuro. Há um silêncio gritante na casa. O silêncio de quem dorme e divaga sozinho.
Desço a rua que me indicaste para pensar no futuro, sigo pelo contratempo da paisagem. Dou por mim ao relento da saudade e quase desisto de procurar-te.