Pimentos em Luta!
Antes de começar, importa realçar que o pimento é nosso amigo, apesar do que para aí se diz.
Ele há-os de todas as cores e apesar de se conhecerem por internacionalistas, os que valem mesmo, são os verdadeiramente patrióticos, que é como quem diz, os verdes e os vermelhos. Por isso acaba por ser fundamental que utilizemos estes e só estes, na proporção que cada um achar melhor, mas nunca se esqueçam que é o vermelho que dá cor à vida.
Larguemos então o azeite num tacho, o louro e a pimenta preta, quem goste, uns cravinhos também não fazem mal, mas de forma comedida. Depois disso, um belo naco de toucinho se deve alourar.
Neste preparado, com o odor e o sabor dos que já lá estão, deveremos estrugir alhos com fartura, rachados. Mas atenção que este rachado de que se fala, são os rachados bons, porque também por aí há uns rachados maus, mas esses, noutra história e noutro lugar falaremos, pelo que por precaução não se devem utilizar.
Depois de pouco alourados, os alhos rachados, aventar os pimentos. E desculpem lá! Mas os pimentos têm mesmo que ser aventados, para que antes de irem para o tacho, agarrem o vento e sequem, ou seja, enquanto vão e não vão, ou caem e não caem, conforme, apanhem o ar como é dado.
Juntar então os pimentos partidos aos quadradinhos de 3 centímetros, a precisão no partir, não é que seja muito significativa, mas convém mencionar porque sempre dá um certo ar de manobra importante.
De todas as conversas que tenho tido com todos os pimentos, que já tive o prazer de cozinhar, eles não gostam de ir sozinhos. Como se sabe, existe e sempre existiu uma certa rivalidade entre os pimentos e o piripiri. O pimento, grande mas que não pica e o piripiri, pequeno mas com muita pica. No entanto é importante que se diga, que no Pirimentito, organização que sonha com um mundo melhor, mais justo, fraterno e igualitário, onde não exista a exploração do pimento pelo piripiri, nem do piripiri pelo pimento, onde se valorize e engrandeça o poder do coletivo, lugar onde esta suposta rivalidade, não é mais que a forma mais pura de valorizar a diferença.
Nessa grandiosa Festa, a do Pirimentito, festa progressista, no final, a Direção da Organização do Piripirizito (DORPIR) faz uma bonita procissão a enxovalhar a Direção da Organização do Pimentito (DORPIM), a temática é sempre a mesma, "não é o tamanho que dá pica!".
Assim e depois de os juntar, o pimento e o piripiri, é deixá-los lá com calma e ir só mexendo bem, que é como quem diz, se não se mexem eles, temos que os mexer nós, isto apesar de nem o pimento, nem o piripiri serem "gente" de se acomodar ou de se resignar, pelo que é sempre bom garantir que não os deixamos influenciar pelo fundo do tacho.
Como é sabido, juntar o pimentito com o piripirizito num ambiente quente, resulta sempre num enorme suadouro. Por isso se diz, lá na Festa do Pirimentito, que quando o calor aperta e o suadouro é mais que muito, é que se chega ao proveito.
Findo o suadouro e após merecido repouso, é sempre bom juntar umas pedritas de sal do grosso, que é como quem diz, sal d´homem, um nadinha de pimenta e um fio generoso de azeite.
Bom e aqui, como é da praxe, há duas coisas absolutamente fundamentais, a primeira será obviamente abrir uma boa garrafita de tinto e esnocar panito do bom e a segunda, acasalar boa companhia. A companhia é bom que seja alguém que não goste de pimentos, mas antes de queijo e azeitonas, por motivos óbvios, se não gostar de queijo nem de azeitonas, não é decididamente companhia apaladada.
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