Chegara o grande dia. O munhó (como os bichos o tratavam entre si), um gorducho bem disposto, tinha por hábito oferecer todos os anos aos habitantes da quinta, por altura de S.
Sol quente. Chão de fritar ovos. Pés suados de calor. Mãos tépidas. Suor correndo apressado nas têmporas. Blusa encharcada. Cabelo transpirado, ensebado e sujo pelo calor abrasador de Goiânia.
Desculpa ter-te deixado sozinho, no escuro. Mas tu sabes que és demasiado comprido para viajar comigo de avião. Desta vez passámos por cima do mar. Tinha mesmo de ser assim.
Guardavas no bolso a escuridão da noite.
Em cada botão que abrias, o sol espreitava por todos os raios.
Não podias ver o negro, que lhe mandavas uma puxada de sol em contra-mão.
Sete passos para a esquerda. Doze passos para a direita. Cuidado com o precipício! Pior do que esfolar-me todo é a tareia que levo em casa, quando chegar.
Os nossos amigos dizem que tenho o olhar desvairado, o andar tropego, a voz misturada. Que por vezes pareço louco, que tenho de avançar. Avançar...dá-me vontade de rir. De rir como um louco.
Cumpro o mesmo ritual há quase duas décadas: levanto-me às 6h30m, visto-me cuidadosamente, tomo o pequeno-almoço com a mulher e os filhos e saio para trabalhar.
O vento forte fustiga as árvores ao fundo da rua e empurra a chuva intensa contra as vidraças das janelas, fazendo-a parecer cortinas de cristal. Gosto de tardes de chuva!
Um dia Leonardo decidiu acordar. Ao levantar-se da cama reparou que se encontrava numa sala vermelha, um vermelho escuro que contrastava com o verde da criatura deitada ao canto do cubículo.