Livro.
Artelogy.
2017.
Ebook.
I.
Vem dá-me a tua mão e vem
cegamente com o véu do sonhos a cerrar-te os olhos dando-te por inteiro como quem se dá de verdade
Ao longe para lá da porta da cozinha o barulho da cafeteira e o sabor a café na tua boca
e eu nem consigo decidir se o bebo se te tomo o gosto
Pendem-me duas pedras num pulso na derradeira prova de que existo que se prendem em mim as coisas como em todas as outras
ranco a porta devagar para que não possas entrar não sabendo que o faço
abres-la calmamente com a lentidão de um sol que se arrasta no nascer de um novo dia
I
Nos últimos tempos planei rasando os teus locais dos quais decorei a cor e o sabor de em tantos outros tempos a eles regressar
há em mim uma só constante a do desejo de asas que a luz não me trouxe
e é nas horas em que não estás que balanço num voo que se quebra e se rebenta entre sombras e sóis de um dia que não o foi
Amei por amar os homens com quem dormi Tomei-lhes o gosto com se toma ao vinho Seduzi-os com poemas segredados em burburinho Amei tão intensamente como sofri
Queria levar-te à cidade da luz...
Perdemos o rumo Quando trocamos as direcções E ficamos, Cada um do seu lado da linha, À espera do que nunca veio