Pendem-me duas pedras num pulso
na derradeira prova de que existo
que se prendem em mim as coisas
como em todas as outras
e há quem lhes chame jóias
há quem lhes chame essências
há até quem não as chame
e trocava eu
todas as riquezas
por mais um beijo teu
desses com a psique
de água salgada
que não me sacia
mas me mata de desejo
e sussurras verdades
que o são porque as crês
como crêem os bichos
nos instintos
e dizes
que seguro os tornados
como se fossem as mais albas penas
e crio a geometria do caos
neste eixo que orienta os naufrágios
e acalma os mares
ou quem sabe
ser eu esse teu obscuro paraíso
em que pendem as rotas e os mapas
na aleatoriedade do universo
contas feitas
ficamos à deriva
com o desconforto
da brisa quente
no mais tórrido dia
deste Verão
e que as pedras sejam apenas pedras
e fiquemos viciados
no ópio dos beijos
como feras que se combatem
e se encontram
sem remorsos
sem culpas
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