Um universo
Por dizer
Eles roubam-me a lucidez.
Os olhos que me olham sem me verem
Olham-me. Como se me escutassem.
Olham-me. Falando-me numa língua divina
Imploro-te sentimento:
- Não me abandones!
Sem ti, não serei quem penso ser.
Quem me sinto ser.
Nem sei se serei.
Podes ficar como bem te apetecer.
Vi uma caixa de cartão, vazia.
Estava ali a caixa, perdida sem preço
esquecida, a beira do lixo
e o miúdo que por ali passou
para ele aquela era uma caixa de magia
Na lareira crepitam as brasas, seus fados cantam á sua maneira
encarnadas com seu canto e eu solfejando á sua beira
ouvi dizer um dia que se pegasse á madeira
Dou por mim, sem me dar conta que sou eu
foi mais um dia que passou
mais um fim que chegou e não foi meu.
Foi do tempo que esperei
este fim lúgubre que vejo