Ainda não nasceu alvorada no vislumbre da nossa madrugada. E eu ouço uma canção na dança das tuas asas em redor de mim; são inquietas, de penas ansiosas a viajar no firmamento do meu corpo, onde se quebram e abatem, cansadas, caindo por terra sem vento nem lamento... desfazendo-se então em água que eu bebo como chão sedento. E dessa sede renasce a fonte... E ouço novamente uma canção, agora na palma da tua mão, que se ri e quase chora! no aperto que me faz... e dóis-me, e fazes-me feliz na viagem por onde me levas e me cegas. As paredes não falam e viram a cara, envergonhadas, quando estremeces e fazes dos meus seios a âncora do teu corpo náufrago de prazer. E então, tanto sal que sinto em mim, nos meus lábios e nos teus mergulhados nos meus! Assim, de âncora, torno-me em cais: seremos porto de abrigo, em cada uma das noites de tempestade a dois...
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