Português
Eu queria um par de olhos a despir-me o desgosto,
E um par de mãos a tatear-me o medo,
E uma língua a lavar-me este gosto a azedo,
E uma luz ateada como um fogo posto.
Eu queria um par de olhos a vestir-me de encanto,
E um par de mãos a afagar-me a essência,
E uma língua a beijar-me a eterna demência,
E uma luz que fosse eco do meu canto santo.
Mas o que eu queria é pretérito imperfeito,
É um labirinto mudo, sem verbo ou sujeito,
Um monólogo insano, decadente e esquecido.
E o que de ti em meu peito guardo?
O espinho da rosa, o aroma do cardo
E os cacos febris de um amor perdido!
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