Português
É um néctar estranho que me dás a provar…
Vil e amargo, deixa-me os lábios manchados.
Encolhe-me a alma, sinto-a azedar
E acidificam-se os meus gritos aterrados.
Já não filtro beleza nesses tons envenenados.
Vão-me caindo os dentes, sinto a língua latejar.
Definho devagar entre sonhos humilhados.
Vómitos acres cegam-me o olhar.
E à procura do teu mel em todo o lado,
Arrasto o meu cadáver mutilado,
Mas é sempre a tempestade que vence a bonança…
E oca de sentido, despida de confiança,
Destilada de ventura, desabitada de esperança
Vou bebendo no teu néctar o meu cruel fado!
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