Portuguese
Não olho mais as horas; o tempo é vão.
As memórias, feridas que reabro e reconto,
Números com que justifico o que o cérebro
Já sabe de cor, mas o coração não.
Não sei se te amava ou se amava amar-te;
Não sei como deixar-me, como deixar-te.
Com dedos gastos toco os céus imaginários
Em que nunca me levaste a voar;
Acaricio a pele de veludo da ternura sem fim
Que pintei para nós, para nunca a alcançar.
São já secos os olhos com que te vejo.
Nesta sala, entre nós, nem sequer agonia;
Apenas o véu intransponível que fomos tecendo
Como aranhas numa teia, dia após dia.
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