1º
Querer dizer tudo sem dizer nada.
Mas se nada é tudo...
Então não digo nada,
e com o meu nada, façam tudo.
2º
Ela quando sai.
Ela não sai.Tenta sair.
Tenta sair todos os dias e só sai, quando sai de si.
Sai á rua. saí para a noite.sai á praia. sai para o café. sai para as compras. sai para colher flores.SAI.
sai.sai.sai.sai.sai.SAI.sai.sai.SAI.
Sai todos os dias, mas mantêm-se fechada.
Fechada por dentro.
Quando sai.
3º
Saltam de mim gemidos, como se tivessem havido mais do que a minha cama se lembra.
Não gosto de homens na minha cama, prefiro eu dormir na cama deles,
em noites que vomitamos desejos,
e que da cama deles fujo eu, a qualquer momento, antes de me perguntarem o nome.
Na verdade,
perco identidade durante essas noites
e transformo-me no que sei ser melhor,
uma predadora na rua.
uma mulher na tua cabeça,
mas,
mais uma puta na tua cama.
4º
Sente-se ela mais mulher,
por usar palavra caras
falar de forma clara,
mesmo estando a mentir.
Sente-se ele já um homem
que apenas de barba na cara
já sabe conduzir.
Sabe conduzir batalhas
mas dá ela o ultimo grito,
sabe levantar a arma
mas foi ela a dar o ultimo tiro,
levanta ele a mesa
mas foi ela que cozinhou,
o maravilhoso cabrito assado
que tão pouco ele saboriou
e nem a barba preta na cara
de morte súbita o safou
foi pois, com palavras caras
que ela o envenenou.
5º
Artista se fez
artista se formou
não sabe por onde caminhou
mas sabe bem,
que por ali não passou,
não pousou.
Porque ela sempre andou
de mala ás costas,
chinelo no pé
ela ainda não parou
não chegou
ela na verdade ainda nem se formou.
Porque artista não se forma
artista é formador.
6º
Em cima do que foi
sobre o todo que ele deixou,
ele seguiu naquela estrada
no dia cinzento, em que ela matava
o que deles, algo se criava.
E na manhã cinzenta
ele seguiu pela estrada
Por estradas onde ela nascera
onde o cinzento se transformava
num nada que ela sozinha matava
a vida, que dentro dela se gerava.
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