Rasgo o pensamento em pedaços e deito fora o rascunho que não escrevi
Não por desgosto no peito nem por algo que não vivi
Rasgo o pensamento em pedaços só para não ter que me ouvir
Não porque a mentira me assalta nem porque deixei fugir
Rasgo o pensamento em pedaços para não decorar o teu refrão
Não por não querer cantá-lo nem por sentir rouca nossa voz
Mas porque aqui e agora sinto estremecer o meu chão
É neste fado que dispo minha alma e transporto no sangue o sabor agridoce
Como se tudo ou nada assim fosse como disso dependesse a minha alma
É no fado que me entrego a sós e esfrego na pele o suor da dor e do abraço
Que afago no meu regaço quando cansada sinto a voz
É no fado que me deito em mim e que aperto forte o peito
Que sinto o sabor do vento a emoldurar o sentimento
Quando o fado chega ao fim
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