acordei sonolento, o quarto envolvido num cinza filtrado por uma cortina vermelha, ténue o estilhaço de luz entre os poros do tecido ilumina-me serenamente, os meus sentidos ____________
O furo percorreu o mar, espiral descendente da desgraça, turpor insistente do esquecimento, lembrança detorpada. Recordações do tempo, emanam, imanam, confundem, distorcem, ciclone aquoso de ideia
Faz as malas! Fugimos hoje. Para onde, ainda não sei. Mas fugimos, e isso é certo. Não te demores. Deixa para lá as coisinhas fúteis que costumas usar.
Ontem fui ver o mar. Não foi o mar que vi. Apenas uma eternidade feita e cheia de dor. A brisa quente destrói-me o coração. Tenho tantas almas dentro de mim, que não tenho espaço para tanto.
Não me lembro da última borboleta que vi. Não me lembro de nenhuma se não daquelas desengraçadas, cinzentas, castanhas, que voam pela noite à procura de carne miúda.
Quero sentir o teu corpo quente, moreno, forte à minha volta.
Quero os teus braços a segurarem-me, flectidos, definidos.
Quero que me apertes enquanto me beijas.
O problema aqui não é medo. O medo não faz mal a ninguém e que eu saiba, mesmo que não saiba muitas coisas, as maiores façanhas tiveram sempre uma pitada dele.
Aprendi a bater palmas sem fazer barulho. Agora aplaudo quem quero sem incomodar ninguém. Nunca gostei de incomodar. Um dia precisei tratar a perna com uma ferida antiga que infeccionou.
Lembro –me vagamente, daquele momento tudo em mim parecia , não terminar mais e quando de tomar, uma decisão eu tomei, vindo de muito longe aqui cheguei , falar contigo eu consegui, a noite apodera