Como preencho o pesado silêncio de cada um dos meus dias Repletos de histórias tão dispersas como dispersas são as esperanças,
De um lado o azul desbotado e erudito, com um friso de ferrugem junto ao betão desarmado
Nas janelas, predomina o “gótico” e uma tendência surrealista para a fuga à esquadria
A música tem os acordes suaves das ondas e o canto doce que só as sereias sabem entoar
A areia pinta-se do ouro que o sol derrama, e a água é a cama de prata onde ele vai adormecer
Pé ante pé, nem dei por isso, sei apenas que aconteceu
A pancada no peito, ali onde a dor, de súbito, gelada se insinua
O Zêzere corre, sereno, singular aguarela entre as fragas, numa estranha moldura
Dois corvos traçam, no fundo azul, os passos de dança de um ritual de sedução