Para todos os que vivem entre nós, e morrem sós…

 

Para todos os que vivem entre nós, e morrem sós…

Português
Fotógrafo: 

Como preencho o pesado silêncio de cada um dos meus dias
Repletos de histórias tão dispersas como dispersas são as esperanças,
Se os ponteiros do relógio, há muito, trocaram o tempo por nostalgias
E as paredes me devolvem apenas a brancura perversa das lembranças

Nada mais me resta fazer aqui, nesta prisão sem grades, onde me deito
Senão esperar que a noite chegue e abrace o meu tronco inerte e incapaz
Travei, com a solidão, uma luta, que me feriu e prostrou neste leito
Chegou a hora de lhe mostrar que ela perdeu a guerra e eu ganhei a paz

Já não posso ignorar os sinais de um corpo que, ainda presente, anuncia
Uma viagem que o coração, de tão calado, consente e deseja sem pudor
Barco solto das amarras que o prendiam ao cais com grilhetas de agonia
Navegando sem norte, encontro marcado com a morte, num qualquer Bojador

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