Negros os caminhos que escorrem p'rà valeta;
o piso é velho,
a Lua é nova,
a noite é preta.
Coaxa o sapo na voz do noitibó;
a chuva tarda,
Pelas charnecas já gastas que a hora fria emudece, chego alada, chego antiga; trago nas asas todo um sonho, no pranto toda uma vida.
Mar.
Abismo quebrado na dureza das coisas;
Arrasta-me.
Céu em espelho lançado em profundidade;
Roça-me a pele em estilhaços de noite.
Eleva-me à escuridão.
É à noite.
À noite...
Quando o sol se esconde
e a sombra se estende,
Quando a lua clareia
e o sono golpeia,
Quando as estrelas cintilam
Que o incubo da noite me venha... E que me sugue a alma Por entre as masmorras do meu corpo...
Os lábios carmim O cheiro a violetas Uma tristeza sombria As pétalas de rosa secas O olhar penetrante As noites de calmaria Uma chama sonora vibrante
A casa cheira a plantas mortas E a escuro das cortinas do céu fechadas E o meu nariz dói-me desde sábado... (Hoje é sexta)...
É nesta noite tão escura, e no barulho do silêncio! Que minha alma vagueia á procura de alguém Não sei quem és! mas isso não importa
Há um corpo a menos numa cama vazia E um definhado vácuo preenchido Sinto-me em quarto crescente sem ti aqui...
Se eu pudesse desenhava o teu corpo, Com uma delicada pétala de rosa, Todos os teus contornos divinos e puros, A tua pele suave, a doçura do teu olhar,
É madrugada
E o sussurro de uma só palavra ecoa no etéreo dos meus sonhos.
O sol nasce
O teu nome é cicatriz nas frinchas dos meus olhos fechados.