De olhos pensativos lentamente te dispo enquanto para lá da minha janela nasce o dia e com o ele o sol do teu corpo no meu.
É estranho ver-te como te vejo tão perto de perder o controle e de sentir nas mãos o bater do meu coração enlaçado ao nó do abraço que é o teu sorriso. Não consigo desviar os olhos desta aurora nos meus pensamentos, são tão belos e aconchegantes quanto o raiar do sol sobre um campo de flores.
Tu não tens culpa que goste de ti assim repleta de cores como num arco iris, nem eu tenha culpa de te ver tão nú e crú como se te conhecesse de uma antiga vida qualquer onde assisti a todas as tuas lutas e crueldades e por isso então nesta vida te saiba e nada mais preciso saber do que te ter nos meus braços.
Tu afastas-me mas eu não consigo deixar de perseguir os meus pensamentos. Viajo contigo por todo o lado e nem de olhos abertos o sonho muda mesmo que a paisagem se desloque e o sol se esconda.
És luz e mesmo quando vais uma vela acendo e nela me fixo vendo-a a arder desajeitada sem saber o que fazer tal como nós em relação ao que sentimos um pelo outro.
Por um lado temos de vontade de mandar tudo à merda e tombar a vela queimando a casa e arder no nosso fogo. Por outro lado... não estamos sós nesta vida e andamos a tentar soprar para a chama se apagar.
Mas... e a felicidade?
Já não conta?
Se o amor não vale a pena... então o que é que vale?
A Vizinha #69Letras
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