Por mais razão que a Razão tivesse, não conseguia convencer a Invenção a mudar os seus hábitos. Por mais que se esforçasse, a Invenção acreditava cegamente que tudo o que fazia estava correto, porém sempre que alguma coisa interferia em seus planos, colocava a culpa nos outros. Ouvir conselhos de nada adiantava, mesmo que soubesse que a Razão sempre tinha razão. E como isto não bastasse, acreditava que estava em pecado mortal e seus princípios morais eram a causa do seu infortúnio. Se os negócios não prosperassem, ela achava que precisava encontrar uma solução e descobrir onde estava o erro, embora o erro estivesse nela própria. Quando precisava resolver algum problema, inventava alguma desculpa para ganhar tempo e tudo o que precisava ser resolvido, ficava para depois. A Razão se sentia impotente diante de tantas coisas erradas que via a Invenção inventar. Cansada de tanto ver a Invenção se afundar cada vez mais naquilo que acreditava, a Razão resolveu testar a amiga. Contou a ela seus problemas e esperou que a Invenção retribuísse com palavras de carinho e amizade, da mesma forma que a Razão vinha fazendo para ajudar a amiga. Mas nada disso aconteceu. A Invenção inventou uma desculpa qualquer e deixou que a Razão partisse, sem saber que seus problemas poderiam ser resolvidos facilmente, se demonstrasse a mesma amizade que a Razão tinha pela Invenção.
Débora Benvenuti
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