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A Crítica era implacável. Estava em todos os lugares e não perdoava ninguém em suas observações, muitas vezes com comentários muito pouco sutis. É certo que muitas vezes eles eram favoráveis, principalmente quando surgia o Aplauso, que se prolongava por vários minutos e não havia outro jeito a não ser concordar com ele. O Aplauso então se sentia muito bem recompensado por tudo o que fazia. Dizia até que havia sido muito merecido e com toda a razão. Podia orgulhar-se dele. As Palmas, ao contrário, sentia-se diminuída ante todo o glamour que era direcionado ao Aplauso. Ficava esperando que a Crítica fosse generosa com ela também e ficava decepcionada quando isso não acontecia. Por que o Aplauso era tão diferente das Palmas? Será por que as Palmas não significavam grande coisa? Não queriam dizer nada? E se significavam, por que não eram mais explícitas? Faltava um pouco mais de entusiasmo? E cada vez que isso acontecia, as Palmas iam diminuindo pouco a pouco, deixando uma sensação de que iam perdendo a importância e caiam rapidamente no esquecimento. Mas não no esquecimento da Crítica. Lá surgia ela, mordaz e persistente em seus comentários, dizendo que as Palmas foram pouco relevantes e que não havia significado grande coisa. Desta forma, a Crítica surgia sempre quando menos se esperava e deixava o seu ácido comentário para quem discordasse dela.
Débora Benvenuti
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