Cala-me a boca com um último beijo - quente e frio, agridoce e cruel- como se me matasses, naquele instante, com o fatal veneno dos teus lábios. Cala-me a boca - sem pensares duas vezes, sem perder tempo - com palavras sinceras e verdadeiras, enquanto ainda for de dia e o sol não se tiver escondido atrás das colinas que envolvem a paisagem. Cala-me a boca com o teu dedo indicador a roçar delicadamente os meus lábios, a beijar-me sem o fazer, a salvar-me sem me agarrar. Cala-me a boca com um olhar - que de palavras dispensa e de rodeios também - , bem seguro e direto ao fundo da minha alma. Cala-me a boca quando eu quiser e quando não quiser também, no meio da minha euforia misturada com a tua calma e tranquilidade. Cala-me a boca pela força e pela paixão, pelo egoísmo do próprio prazer e a satisfação de agradar o outro. Cala-me a boca se assim tiver que ser, para o bom e para o mau, sempre para me proteger. Cala-me a boca com essas mãos sinceras que me acariciam o rosto e me fazem adormecer nelas. Cala-me a boca se já tiver falado de mais - com um beijo, quente e envolvente, doce e genuíno - como se me ressuscitasses de uma vida outrora perdida, onde o meu coração esteve condenado aos lábios envenenados de alguém.
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