Soneto Lunar

 

Soneto Lunar

Português

Quando a prata cintilante rasga a penumbra

E suas manchas silhuetam o coelho selênico

- padroeiro supremo das causas etílicas -,

O ritual, cá embaixo, na cachola reslumbra.

 

Na Baixa ou na Alta, na Ribeira ou no beco,

Estilhaçamos palavras em rajada e bravata;

Orações seculares em goles secos permutam;

Vagueamos em prosa, um mineiro e um tcheco.

 

Consumimos ruelas e defloramos garrafas;

Deixamos um rasto de poesia acrata

E afogamos no álcool as vigências amorfas;

 

Esmiuçamos quimeras da esfera que translada

E que gira sob os auspícios da nossa embriaguez;

E depravamos olivas com dissimulada lucidez.

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