Preso em liberdade

 

Preso em liberdade

Português

Não que eu não queira pensar nisso

Ou sequer fugir do compromisso
Mas são olhos cansados
São Peles desgastadas
São sonhos inalcançados
São corpos carne
De cabeças maquinadas
Não!

Que se veja em mim alguma frustração
Algo que por fora transpareça 
A alguém que não se esqueça
Que no peito dessa gente sofrida
Ainda bate um coração

É o poder lacrimejando sobre a centelha
Um infinito potencial de mãos tão calejadas 
A amargura entra as palavras se assemelha
Aos nós em suas gargantas fechadas

Um mar de chumbo sob o pescoço dessas estátuas
Coeso por gotas de papel que pesarão a sua liberdade
Seu orgulho seus desejos e os frutos da sua bondade
Sob as tuas vestes o suor de todas as tuas mágoas 
Sem um vislumbre de Sol antes das cinco da tarde

Pode rir agora,
Que o fio da maldade se enrola
Máquinas, pulmões, ar e petróleo
Por fora dentes, por dentro novelo 
De passo em passo rasgado por inteiro
Por fora sorriso, por dentro Mineiro
Sou forte e quando for fraco serei pesadelo

Pessoas, apenas pessoas e suas linhas entrelaçadas
Crianças, eternas crianças e histórias mal contadas
venho com versos e estrofres 
desabando o que aprendi
Vi que a honestidade não cabe nos cofres...
Senti que já sabia o que vi

Contei meses, semanas, dias a fio
Não foi perda de tempo
pois o tempo foi a única coisa que não perdi.

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