Procura-me pelas veredas do esquecimento, na hipnótica solução do luar. Mas, ainda que por aqui passes, nada do meu pó verás. Os sentidos armadilham-te a vontade, embriagam-te a imensidão. És presa fácil do testemunho, da Loucura que dorme ali, nas medas inquietas onde se esconde. Alma de jogral em rosto de velha, só lhe ouves o riso pingado dos baixos arvoredos que sobre ti se curvam. Caminhas de olhos fechados na paisagem muda, nada tocas com teus dedos gretados, nada esperas, nada buscas.
É a ti que falo, a ti que caminhas sobre gravilha. Nada dos teus passos no solo negro ficará. Na cabeça trazes uma coroa; julga-la de ouro, quando é de simples papel. Já na lama sedenta enterras teu corpo nu.
E a estrada segue, só tu ficas, ficas só, ficas tu.
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