Rasguem-me a pele as carícias do teu ser;
Tu, que tecnopólis idolatrada te afirmas,
Inovas-me o espírito ao invés de o envelheceres
Matas-me o delírio de que te designas.
Tapa-me as palavras com a tua poesia labial:
Funde-te em mim, qual pecado carnal,
Funde-te em mim, máxima paradoxal,
Epizeuxemos sexo nas nossas peles lidas.
Rasguem-me a racionalidade as injúrias cometidas
A favor do amor que julgamos sentir, malditos...
Estupidifiquemos os instintos desditos
Conspurcando-os com sentimentalismos comedidos.
Atingirei o estatuto divino unindo-me a ti, são,
Ninfa lusíada. Mitifica-me, desvirtua-me bem
Da humanidade que possuo e te serve de tamanha diversão.
Sou sebastianista desse amor que nunca vem.
Dou-te a fonte H2o e dás-me H2o2, criatura desprovida de coração.
Despe-te de preconceitos, despe-te literalmente!
Que um raio me caia se não sou rémora
E te prendo a mim, fortemente,
Mesmo que seja uma força efémera.
Ah, despe-te de todas essas camadas de egoísmos
E frustrações inibidas e dá cabo de mim, porra!
Sexualidade é o teu uso de eufemismos
Para me atraíres ao leito do destino e morra.
Disfarça essa capacidade motora e deixa-me esfomeado de ti
Porque igual, nunca conheci.
É a hora do ressurgimento de um desejo passado
E em muito esquecido, talvez apagado.
Não sejas Teresa de mim, que de santo nada tenho.
Sê Afrodite, Vénus, sereia mal formada
E destrói-me, que me falta o engenho
Para domar a arte em que és cantada.
Ah, torna-me profissional no fingimento!
Deixa-me amar-te a fim de to
Dar, já que és a única que nem no tormento
És capaz de (assíndeto), a mim te ligares.
Cortesia má, essa que eu te fiz,
Mesmo que noutro tempo o não queira ter feito.
Estou perdidamente feliz
Na ignorância do amor que me deixa desfeito.
Versifica a tua língua na minha, sem paciência,
E declama as tuas mãos no meu corpo!
Deixa de sofismar e provoca-me resiliência
Que não tenho vontade nenhuma de estar bem num peso morto.
Lenifica este ser já mitigante
Com toda a calma do mundo, que tenho tempo...
O inferno compreenderá a demora, não é alarmante.
Afinal, apenas consumo a chama que ele me deu outrora
Tornada em fogo por um anódino vento.
Discrimina-me, danada ninfomaníaca!
Eu adoro esse masoquismo homologado
Por uma força superior cardíaca
Que se pronuncia, sempre que a teu lado.
Ama-me, sobretudo episodicamente,
Com todas as cruéis analepses e prolepses que desejares disfemizar.
Qualquer tempo me satifaz mais que medianamente.
Sexualidade é a sede de ao pé de ti estar.
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