Sinto,
colado na pele,
na carne,
na alma,
um anátema de
desejo insuportável,
de um beijo
longo e doce,
muito doce...
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e na lonjura,
uma doce
exaltação
embriaga a alma,
qual vinho
gostoso,
frutado, e forte,
de uma
cepa antiga,
como o tempo,
como o amor.
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a tua vinda,
agita-me
o sossego
que não desejo,
nem tenho.
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insaciável
a sede
que perdura
no tempo
e no espaço
de um inóspito
deserto.
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foi num sonho
alucinado e breve
que
beijei
o teu ombro nu.
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não devo,
não posso,
nem quero,
amar-te.
mas
o amor,
insensível
à minha vontade,
devora-me o tempo,
a alma...
e o corpo.
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pertencem-me
por direito,
o teu silêncio
e a tua ausência.
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o cantar doce
das rolas,
pinta o silêncio
do jardim...
o teu silêncio,
amor.
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num turbilhão
de sílabas,
soletro
a tua imagem,
o teu nome,
as tuas mãos,
o teu sorriso,
os teus olhos,
a tua boca...
és o meu léxico.
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as palavras
pouco dizem,
da alegria
de
sentir,
o teu perfume,
inundar-me
o espaço,
o tempo,
a alma.
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sim,
eu sei.
mas então...
como explicar
que a lonjura,
me encha
a alma
de ti?!...
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mas,
conter,
é a ordem consciente
a um inconsciente,
devastado
pela tentação,
que me contamina
todo o corpo.
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são acordes
de
uma cíclica
e alucinada
partitura
repetidos
numa conjugação
de
pretérito presente
ou
presente pretérito
sem futuro...
sem verbo...
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bastaria,
um gentil
e breve
olhar,
para que
os dias,
se atropelassem...
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pudesse,
a voz
da memória,
navegar
num caudal
de palavras,
e confortar-me
a alma,
com a delicadeza
de um cetim
azul...
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