como a água
que se afaga sob as plainas do mar
até sentir brancos os poros
e líquido o sangue da sua idade
vão os olhos na utopia das palavras
aberto entre rumores assim escrevo
como o vento no chão da terra
para ampliar a órbita das folhas
apreendidas ao silêncio pelo mar
as sobressalta? que afectos recolhem sobre a respiração
as palavras que estrela no interior da água
do vento? Uma lâmpada presa ao coração dos dedos
às vezes sinto as palavras como se crescessem
para dentro de uma estrela
e procuro então abrir a hora
dos meus signos sob uma esfera de água
entre palavras esplendidas nos nervos do mar
o caminho da audácia rebenta na erva dos olhos
com as suas aves internas coincidentes
nos anéis redondos da luz
no íntimo
do fruto que o verão amadureceu
entre os barcos da terra
como uma espiral de rostos
na inexorável idade do silêncio
no dia
em que a palavra olhar a terra
com o vento líquido das notícias
e descobrir um rosto
onde apreender por barcos
e estrelas
a diástole das palavras acende-se como uma hélice oblíqua
tão rara como o ouro vem ao encontro de algumas aves
articuladas entre o tempo e a vida
onde espero um dia
escrevo porque quero uma idade azul sobre os olhos
neste jogo de fotografias circulares
vou pela matéria desarrumada entre o coração e o sol
afirmar a música como rendas cantáveis de um olhar
é um afecto que se respira aos poucos no poema
palavras de despertar a terra para que a utopia cresça