Portuguese
Fotógrafo:
Pelas charnecas já gastas que a hora fria emudece, chego alada, chego antiga; trago nas asas todo um sonho, no pranto toda uma vida.
Dobram-se-me os joelhos contra a terra ardida, chão que outrora floriu; não mais temo a passagem dos dias, dos invernos, dos estios.
Lembra-te de mim nas frondes vergadas, sigo-te os passos no frio das madrugadas, no mutismo das horas em que te julgas só.
Adejo silente sobre cômoros ondulantes, pelas várzeas quietas, de sombras semeadas.
Tomas-me por pássaro, certamente, espectro ou insónia, sortilégio! Tu, que és corpo, és carne, és triste lura de uma alma assustada.
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