Já sonho de outro mundo
Já não espero do mesmo tempo
Na verdade, escrevo nas paredes
Canções antigas não de amor
Tão banais, tão incertas,
Tão impossíveis.
E fecho os olhos
E tudo se apaga
E não sou eu, nem tu,
Nem vida
Sou já outro sonho
Outra floresta
Outro minuto.
De nada valeram portanto as cantigas
Os sonetos e as odes
Porque tu és tu e eu sou nuvem
Daquelas cor de nada
E o futuro não tem as mãos abertas.
E por isso todas as confissões são caladas
À noite são baladas
E de dia transformadas
Em risos pobres e rimas trocadas
Que em nada se misturam connosco.
Eu tenho outro mundo, no entanto,
E é nele que me encontro
É nele que me escondo
É nele que não vives mas eu vivo em ti
E é nele que caio todas as noites
Quando o céu se acende e eu apago as nuvens
Que o meu lápis desfez
Para que fossem tu apenas uma vez
E logo morressem nos meus braços.
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gosto da maneira de escrever
gosto da maneira de escrever