Para a minha amiga Fibromialgia

Não posso mentir!
quando entraste na minha vida,
sem me pedires ou eu deixar,
odiei-te com toda a minha força

sabia para o que vinhas
e não podia permitir!

e quanto mais entravas na minha vida
mais te odiava!
só eu te via
só eu te sentia
a tua invisibilidade
atiravas-me para a incredulidade

se só eu aparecia
e se até aparecia de boa cara
era porque tinha arranjado uma amiga imaginaria

até eu cheguei a acreditar nisso
e entrei em depressão
chorei, desesperei, culpei-me
e não entendia
o porquê de todos insistirem em dizer
que eu era uma pessoa forte, decidida, determinada
por mais que procura-se essa pessoa
não a encontrava
e já nem sabia quem procurava

e quanto mais me culpava mais tu entravas na minha vida
e mais os outros acreditavam na amiga imaginaria
que dia para dia me destruía a vida

um dia, depois de tanto me culpar
passei a chamar-te de amiga
talvez assim, pensei
a nossa convivência fosse mais fácil
e talvez assim os outros te conseguissem ver
ao não me verem chorar
ao não me verem culpar algo invisível

mas não!
nem assim me respeitaste
nem assim me devolveste o controle da minha vida
de inimiga tornei-te amiga
e hoje continuo a odiar-te na mesma
mas agora, com as poucas forças que tenho.

Ângela Faria