ESTE ANO NÃO CONSIGO DESEJAR BOM NATAL!
COMO O POSSO DIZER
A QUEM NÃO TEM DE COMER,
A QUEM CHORA PORQUE NÃO TEM COMIDA PARA DAR AOS FILHOS,
Hoje quis ser feliz!
só ver o que queria.
Encerrei os ouvidos,
encerrei os olhos,
encerrei -me.
Não quis ver a fome,
a miséria,
Não posso mentir! quando entraste na minha vida, sem me pedires ou eu deixar, odiei-te com toda a minha força
sabia para o que vinhas e não podia permitir!
Frente a frente,
estamos nus.
Não nos vimos,
apenas nos olhamos.
Venho contar-lhe, Doutora, a última que o meu marido fez. Ele foi-se,matou-se.
Até para morrer foi mau, sabe.
Enforcou-se em casa. Foram as minhas filhas que o encontraram.
"- O meu marido,Doutora? Oh filha, o que é que o teu pai é?
- Oh mãe, eu já lhe disse, o pai é toxicodependente!"
O Pai!
Mas,afinal quem é este Pai?
Já que ando a remexer nos meus " escritos" aqui vai uma história real, uma de muitas que a minha profissão "me obriga" a enfrentar.
Sinto um aperto tão grande,
uma dor intensa,
uma saudade imensa.
Um querer que tudo seja mentira
que estejas escondido
Não se escreve tantos anos,
não se escreve tanto amor!
Não há palavras suficientes
Diz-me, mano, em que estrela habitas para te olhar.
Procuro-te todas as noites.
Talvez estejas na mais brilhante, ou não!
Só segmentos,
momentos...
Nada é contínuo.
Momentos, e cada momento
Notas soltas,insolitas
Notas perdidas e por tocar
Notas que ninguém, nem eu,
conhece ou ouviu.
São apenas notas da minha vida,
que irei contar.
No fim,
quando a luz fica mais ténue
e a noite se aproxima,
olho-os e sei que valeu a pena!
Corpos suados,
enlaçados,
perdidos no tempo,
amados,
desejados,