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A Esperança muitas vezes adormecia, pensando no Sonho, que todas as noites a visitava e a mantinha num torpor, quase irreal. E era sempre o mesmo Sonho que insistia em ser sonhado e deixava a Esperança cada dia mais animada. Quando acordava, alguma coisa dentro dela se entristecia. Acreditava no Sonho e desejava cada vez mais, que o Sonho continuasse da parte onde tinha acabado. Mas isso nem sempre acontecia. O Sonho sempre ia embora antes mesmo que a Esperança acordasse e pudesse reconhecê-lo em uma curva do caminho. A imagem que ela guardava do Sonho era a silhueta de um homem, que todas as noites chegava de mansinho, falava suave aos seus ouvidos e fazia juras de amor. Muitas vezes a Esperança estendia a mão para tocar o rosto do desconhecido, mas esse gesto acabava sempre numa névoa, que aos pouco se dissipava e a Esperança se tornava a cada dia, mais entristecida. Os dias se passavam, as noites se tornavam intermináveis e o Sonho continuava a visitar a Esperança, sem no entanto, dar nenhuma esperança de ser reconhecido. Ela caminhava tristemente pelas ruas, sempre na esperança de que em algum momento, o Sonho se concretizasse e ela pudesse por fim ao seu tormento. Era uma espera angustiante. Sabia que esse homem existia, só não sabia onde procura-lo. Por que ele não dava um sinal, alguma coisa com a qual ela pudesse identificá-lo, quando o encontrasse, mas nem isso ele fazia. Pensou muitas vezes em sonhar acordada, para quando o Sonho aparecesse, ela pudesse vê-lo. Ficava noites e noites acordada, mas acabava se cansando e o sono se apropriava dos seus pensamentos. Uma noite, adormeceu e mais uma vez o homem dos seus sonhos apareceu. Ela então pode observar nitidamente a face do homem com o qual ela sonhara tantas noites: Era a Solidão, que a espreitava todas as noites...
Débora Benvenuti
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