A manhã está alegre demais e o meu corpo efémero. Desembaraço-me dos lenções de seda azuis, oferecidos pelo meu ex-marido, ele sabia que eu gostava desta cor. Sinto-me num emaranhado de confusões internas. Por alguns segundos sinto as pernas falharem-me, mas numa teimosia só minha mantenho-me em pé. Alcanço o copo de leite solitário na mesa da cozinha e bebo-o, como quem bebe o passado. Ricardo costumava-me preparar o pequeno-almoço… Perco-me nos seus olhos azuis, que aqui já não estão. Perdemo-nos nos espinhos de um casamento sem novas aventuras. Disseste tu que já não reconhecias a mulher por quem te apaixonas-te aos dezassete anos. Ficaram gravados os nossos momentos imortais. Quero pedir-te desculpa, mas não estás… Desejo a morte para ver o meu filme preferido diante dos meus olhos sem tecnologias. Eis o filme da nossa vida. Quero-o! Preciso dele… Já te vejo, o teu riso, sinto-te. E chamas-me. Escureceu.
Arquivo mensal
- December 2024 (1)
- November 2024 (15)
- October 2024 (10)
- September 2024 (20)
- August 2024 (7)
- July 2024 (27)
- June 2024 (23)
- May 2024 (27)
- April 2024 (15)
- March 2024 (9)
Who's online
There are currently 0 users online.
Estatísticas Gerais
- Membros: 3959
- Conteúdos: 12661
- Comentários: 1725
Recent comments