Madalena era uma menina muito peculiar. Tinha um coração ainda mais bonito que ela e isso fazia dela muito especial. Neste último ano Madalena andava muito triste, tão triste que as pessoas à sua volta já não se lembravam do seu sorriso, nem da expressão alegre que morava no seu olhar. Antes. Antes de ter perdido o avô Manuel com aquele cancro que apareceu de repente e o levou para longe, lá para cima, para bem perto das estrelas, para longe de si. Naquela noite Madalena estava deitada a ler, como fazia todas as noites. Até que teve uma ideia. Ia construir uma escada que chegasse á lua para chegar mais perto do seu avô. E não precisaria de ler mais antes de dormir. Porque o avô contava as melhores histórias de sempre. No dia seguinte começou a construir a escada. Levou muitos dias. Levou meses até que a escada chegasse á lua. Era uma escada tão grande como o amor que tinha pelo avô. E era uma escada tão poderosa como só o seu coração conseguia acreditar. Quando terminou de construir a escada Madalena lembrou-se que tinha medo de alturas. Como poderia ela subir até á lua, se a lua estava no alto do céu, a muitos metros da pequena janela do seu quarto? Levou dias a ganhar coragem para subir o primeiro degrau. Sabia que a viagem da sua janela até á lua era longa e não estava certa de ter a força suficiente. Mas qual não foi o espanto que após o primeiro degrau Madalena subiu o segundo, e depois o terceiro, e depois o quarto. Levou apenas 5 minutos para chegar á lua. E ela estava tão linda. Era quarto minguante. E por isso Madalena podia sentar-se como se de um baloiço se tratasse. Sentia-se muito feliz, tão feliz como quando o seu avozinho lhe contava histórias de embalar. Tão feliz como quando ele vivia com ela e não no céu. Deixou-se dormir. Tal era a paz que sentia… Quando acordou desceu as escadas rapidamente. E quando a lua estava quase a dar lugar ao sol Madalena agradeceu aquela viagem ao avô. E disse: -Avô gosto de ti como daqui até á Lua! Ouviu então uma voz: -E eu gosto de ti, como da lua até aí! Madalena guardou a escada, no sótão e no seu coração. Poderia então ir á lua, ir às estrelas. Poderia ter novamente o avô Manuel perto de si. Tão perto como da lua até aqui.
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