Ele tem garra de leão, agarra as coisas, agarra-as.
É ladrão, roubou-me. É honesto, devolveu-me. Melhor.
Ele acha que vacilo. Ele não percebeu. Eu não expliquei.
Introspectiva e espontânea com um pouco de bipolaridade segundo os conhecidos. Depressiva e egocêntrica segundo a minha mãe. Um anjo de pessoa segundo o dono do meu coração.
Os meus pais deram-me o nome de Sofia a pedido da minha irmã. Fui criada com os meus avós numa aldeia ao pé da serra. A minha avó transmitiu-me o gosto pela costura e o meu avô pela Matemática e pela Literatura. Com o meu pai aprendi a amar o conceito de família, e com a minha mãe o do trabalho. Apesar de, com duas irmãs, ter sido brindada com brincadeiras sem fim, quando descobri a poeirenta Enid Blyton elas foram irremediavelmente substituídas. Lia um a dois livros por dia, descurando a escola por vezes (deitava-me cedo para adormecer tarde).
Entretanto comecei a escrever. Tinha diários que escondia em cima do roupeiro e que a minha mãe cuscava em segredo. Ainda os guardo, assim como todos os guardanapos dos botequins que usava como papel de rascunho.
Entretanto estudei comunicação, desisti. Estudo engenharia mecânica, está a ser difícil. A minha psicóloga diz que é normal. Tenho mais interesse em saber pouco sobre muito que muito sobre pouco. Eu não acho normal. E refugio-me no lápis.
Sim, porque escrevo a lápis.