Prosa Poética

 

Algo do não-tempo

Chegou perto de mim e tocou-me.

Género: 
 

Lobos esfomeados

Às vezes não sei se me perco ou se simplesmente finjo que não existo…

Género: 
 

Manto noturno

Cubro os ombros e as costas pela manta fina de cor bege e sento-me na velha cadeira apreciando as estrelas.

Género: 
 

Sorrisos escondidos - Cidade do Funchal

Sento-me no velho degrau que derrama sobre o chão de pedras presas antigos passos de quem por aqui um dia andou.

Respiro. Observo.

Género: 
 

Entrega

Sento-me na velha cadeira de madeira que permanece quieta e firme no chão da varanda como a força das raízes de uma árvore antiga e sábia que derrama o nascer deslumbrante da cor verde pelas folhas

Género: 
 

O LUGAR ENCANTADO

Passou por aqui um momento de bruma e fim de tarde no lugar encantado do meu coração onde os bichos buscam água num rio feito de letras, e onde os pastos são feitos de papel devorados por uma fome

Género: 
 

És tu

Se amanhecer um novo dia de luz virgem no meu corpo, és tu. Se nascer uma flor rara no pátio da minha alma, és tu.

Género: 
 

A infância nos dedos

Encosta a cabeça meu menino, mas não durmas. Corre atrás da tua infância, porque ela é rebelde e escorre entre os dedos. Faz-lhe uma careta, brinca com ela, corre atrás e sem medo da queda.

Género: 
 

Simbiose do Amor

A tua alma insinuou-se com pézinhos de lã e um cobertor a dois num sofá de Inverno. E, de repente, sem mais nem menos, tornas-te o meu chão, o meu colchão, a minha cama, o meu pijama.

Género: 
 

Acordar do sonho.

Se eu soubesse que era assim... Tinha fugido ...
Se eu soubesse desta falta de controle ...Tinha corrido para longe...
Mas não... fiquei aqui e agora não sei o que fazer!

Género: 
 

Lá fora cá dentro

Sento-me no canto dos meus sonhos e divago, e choro, e rio, e escrevo, e amo e releio, e sou mulher e criança outra vez.

Género: 
 

Saber a mar

Sentes-me antes de me tocares? Beija com o olhar cada linha da minha boca, cada curva e sorriso com que te contemplo.

Género: 
 

Verão em nós

A luz reflecte-se nos estendais

brancos das janelas soalheiras da nossa juventude.

Género: 
 

Despojos

Sou os despojos das escolhas de ontem. Amanhã serei o recomeço depois das cinzas poisarem. Hoje sou a quietude, a prece, e o silêncio do aprendiz.

Género: 
 

O lugar para lá de tudo

Existe um lugar secreto

para lá dos caminhos de pó usado e horizonte cansado.

Existe um lugar escondido

resistente à vida e à morte,

Género: 
 

O Jardim

Morde o céu do meu desespero com ânsia de boca enraivecida e leva na palma das mãos o rio dos meus olhos; faz do meu deserto um jardim que ainda não sonho, e oferece-me com os olhos todas as flores

Género: 
 

Sermão aos filhos da sorte

Reverencia o prato em que comes.

Existe um mundo faminto nos olhos de alguém,

em que a luz do dia não é senão trevas entornadas numa mesa vazia.

Ama o teu lar.

Género: 
 

Puzzle Existencial

De dentro para fora

e de fora para dentro

vivo muitas vidas numa só...

Faço e refaço o puzzle da minha existência

desintegrando-me em momentos de pó

Género: 
 

Soldadinho de Chumbo

Lembro-me de me abraçares com aquela força de soldadinho de chumbo tímido. Libertaste a tua mão direita da arma de dois canos que seguravas para completares o abraço da esquerda.

Género: 
 

Não me acordes agora.

Sussurros. Ouço-os. E vejo-te, nessa dança incessante.
Indago-me... não te cansas?

Género: 
 

Velho pescador só.

Madruguei. Dei por mim às voltas na cama sem conseguir dormir, desistindo. Ainda por cima começava a luz da manhã a entrar pela varanda, e eu sem dormir de maneira nenhuma.

Género: 
 

Espelhos.

Imóvel. Leonor está tão quieta que tudo à volta parece mover-se, timidamente, porque se sabe que os objectos não andam, isso seria de estranhar.

Género: 
 

Balanço

Tomo este balanço sem saber se recuo ou avanço.
Não desgosto deste embalo porque sabe bem vaguear.
Saborear o incerto sem receio do que não é certo.

Género: 
 

Promessas com Asas

Prometi que te deixava entrar
De mansinho, porque de rompante assusta.
E te deixava ficar, se quisesses.
Mas sem promessas porque elas podem partir.

Género: 
 

Gosto quando te dás

Gosto quando te dás.
Quando dizes que consegues mais, mesmo vencida pelo cansaço.
Quando sorris por tudo o que ainda queres viver.

Género: 
 

Sem título

Finge que dormes doce princesa, de pensamento ancorado nas duras falanges do diabo.

Género: 
 

Miragem outonal

Percorrera um longo caminho para chegar casa, bebeu dúvidas e sorveu as lágrimas a rastejarem-lhe pelo rosto.Fez toda a viagem com parcos trocos no bolso, contava um par de minutos e sentava-se sob

Género: 
 

Até amanhã

Era uma manhã comum, replicada. Debrucei-me sobre a janela e senti o vapor de mais um dia. Tu chegas. Perco-me com vagar subjectivo no labirinto das tuas mãos percorridas de promessas extintas.

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Indiferença

Deslizam pelos dias com a candura sobranceira dos anjos, dilatam o somatório das horas até que amanheça mais uma noite, e riem, alheios ao desespero mudo que estremece na escuridão remexida de um t

Género: 
 

M.

M. andava desacordada, dormente de sucedências que eram apenas contagem.

Género: 
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