Chegou perto de mim e tocou-me.
A delicadeza das suas mãos era tão suave como uma borboleta que desenha o voo da harmonia por um jardim de flores puras e esbeltas em um dia fresco de primavera.
Envolvia-me como se eu fosse um antigo amor. Como se me conhecesse. Como se me amasse.
O ambiente que trazia em si era calmo e harmonioso, suave… Água cristalina.
Há vezes em que às vezes parece que algo pousa suavemente a mão que não existe no meu ombro e sussurra silenciosamente as palavras que escrevo… É algo do não-tempo, diz ele… Ele esse algo que para mim é desconhecido mas não me faz sentir medo pois se teve a delicadeza de ser delicado significa que sabe bem quem sou ou o que sou… Quem… Nem sei se sou quem ou se sou o quê, apenas sei que sou. E este algo veio iluminar o meu sorriso na noite silenciosa onde na velha estante de madeira permaneceram as folhas brancas e uma vela que iluminava o que precisava de ser visto. Chamou-me flor. Flor branca. E eu sorri… Nunca nenhum algo do não-tempo me tinha comunicado com tanta delicadeza. Agradeci. Despediu-se e foi-se embora. Mas há de voltar… Voltam sempre!
Para voltar é preciso sentir, assim como para saber comunicar, para ver e para amar. Assim como para ser-se delicado… E para compreender a poesia… A poesia vem do existir e do sentir. É preciso ser louco para tudo isto pois neste mundo e em toda esta realidade que não existe só o louco vive acordado e só quem tem coragem para viver acordado consegue chegar à realidade real onde não existe tempo… Mas existe o cuidado de se ser delicado.
Laura Mendonça
Recent comments