Três da manhã a fumar cigarros de enfiada.
Em que penso eu? Às três da manhã não se pensa em nada de jeito. Queria falar de tanta coisa que não vale a pena, pensar em coisas que só me bloqueiam a mente. Este quarto fica mesmo sozinho sem mim, o mesmo digo da minha vida. Não é queixume, a vida ainda é boa.
Sinto-me roubado numa manhã qualquer, desaparecido na primeira luz do dia, aquela que hoje verei, caso continue neste quarto de insónias, com pensamentos sem pensamentos, coisas sem fundo, como a escuridão deste quarto sem mim, mesmo estando presente.
Como pensas que me sabe este momento? Vazio. Um perfeito vazio numa noite perfeita, entre quem eu sou e onde eu vivo.
Confissões das três da manhã nunca prestaram. Confissões de um solitário sem emenda, que se oferece a mãos pouco brandas com mentes de montar jogos e puzzles... Para quê? Sou muito mais simples que isso, muito mais simples que isso, é ficar mesmo sozinho sem acreditar no que acreditei quando me dei.
São fases, não é?
Camilo I. Real
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