"Uma pedra colorida..."

 

"Uma pedra colorida..."

Português

Ela nem sempre se entendia. Havia dias, em que se sentia grande, como se a harmonia se tivesse apoderado dela e tudo fluísse do corpo sem esforço. Havia outros, muitos outros, em que sentia uma carga insustentável, como se o abrir os olhos ou o caminhar, lhe exigissem um esforço sub-humano.

Estava em processo de luto, todos os dias sentia que a vida lhe tinha gramas a mais. Com a amargura a cravar-se no coração até fazer emergir brotoejas. Uma vida sem cor e sem rumo pesava-lhe, calcando fundo no seu peito.

Tanta coisa, lhe lembra a infância feliz com a sua irmã, onde os coloridos do jardim abrigavam uma tábua de madeira polida e uma grossa corda, que lhe roubavam o tempo esquecido do vaivém do baloiço.

Estava cansada. Despojou-se de todos os pensamentos, a cabeça pesada parecia em processo de libertação, afastou o muro imaginário do sofrimento e adormeceu.

O sol espreita-lhe o quarto, a janela ligeiramente aberta e uma ténue brisa sussurrava-lhe de mansinho ao ouvido. Dentro da cama, os lençóis recebem o seu calor e guardam o seu cheiro.

Acorda! Sente a luz reconfortante que envolve todo o quarto. Sorri! As mãos unidas guardavam uma linda pedra colorida e brilhante, que nunca tinha visto antes. Observa a pedra de seis faces com um brilho imenso. Sentia vibrações estranhas e perturbadoras de cada vez que lhe mexia. Parecia ter poderes mágicos, sentia o coração leve, como se toda a angústia tivesse sido absorvida pelo brilho da pedra.

As vibrações diminuem, a pedra acalma-se, e ela concentra-se na sua pulsação seguida de uma grande energia. Pega numa folha branca de papel e começa a escrever:

“… Sinto-me feliz por poder começar outro ciclo, podendo escrever uma folha em branco sem mácula nem rabisco do passado. Guardarei a pedra colorida que me foi colocada nas mãos, como prova de que a minha irmã está comigo todos os dias e me protege…”

O dia a seguir foi leve.

“… Comecei a olhar um pouco para mim, o que parecia ser tão difícil…!”

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A escrita

Olá...gosto de escrever, as palavras vão fluindo como escape...todos os dias são diferentes!

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