Subi ao castelo mais alto, com a torre mais alta, na janela mais alta.
De lá vi o mundo além do que o horizonte consegue revelar.
Vi copas das árvores ao anoitecer, ainda a queimar de sol. Vi a noite chegar, devagar... e outro dia apressar-se a regressar.
Subi e fiquei....
Ao Castelo mais alto... ao mais alto de mim.
Não disse a ninguém... nem o sussurrei a mim própria sequer.
Mas tive medo!
Não da altura.
Não da incerteza.
Não do silêncio que se fazia sentir no alto do mundo.
Mas tive medo! Medo do vazio em mim... e do que nele poderia caber.
Porque, no fundo, todos somos capazes de tudo, quando estamos assim, tão alto.
Saltei do parapeito mais alto, para trás, sem olhar.
Voltei a por os pés assentes no chão da minha alma e soube-o imediatamente...
Precisei de desaparecer por uns dias para saber, de certeza, quem sou e que o cabe no meu vazio... só o que eu permitir!
Subi à torre mais alta, do castelo mais alto, ao mais alto de mim... Só para poder ter o gozo da certeza de voltar a sentir a terra molhada, e firme, debaixo do meu caminho de volta .
Tê Fonseca Garcia ©
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