A estação de comboio está lotada, os meus olhos procuram-te neste mar de gente. Não consigo encontrar-te, sinto a respiração a sumir, como se tivessem- me arrancado o oxigénio como punição. O coração bate forte aqui dentro e não suporto mais sentir o teu perfume na minha pele. Há um ano que partis-te e ainda consigo sentir-te. O banco da estação está vazio, sento-me como se estivesses ali. O céu está cinzento. Estás dentro de mim em cada passo e sei que não retornarás...
Abraço a fotografia esquecida num diário antigo. Os teus olhos de menino tímido e abraçado a mim no meu aniversário. Podem as memórias matar-te como uma faca afiada?
Quem sabe não pensas em mim...
Quem sabe, se não deambulas pelas ruas de Paris com vontade de começar a nossa história.
Quem sabe se te escondes como eu num canto e abraças a solidão com medo.
Quem sabe se o teu olhar fica distante do nada.
Quem sabe se não abraças forte o travesseiro à noite.
A solidão e o silêncio abraça-nos e numa prece que não ouvirás digo-te: espera por mim porque respirar aqui sem ti parece-me inútil.
Este silêncio! Esta ansiedade mata-me!
Sónia Pinto.
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