Para onde vão as pessoas quando nos esquecemos delas? Leva-me a crer que, neste parque de diversões que é o nosso cérebro, há uma empresa de reciclagem que se encarrega de tornar alguém que "vivia" connosco quase 24 horas por dia , em esquecimento puro. O processo é simples, sai do coração, da secção importante, para a memória e passa de sólido a gasoso... Evapora-se nesta mistura de tempo e espaço. A memória é relativa. Lembro-me de abraços de quando era miúda. Mas não me lembro de abraços que dei há um ano. Como arrumamos a prateleira dos perdidos e achados? Quem gere a importância dos abraços a manter? Deveriamos poder mandar nisto. Mas não mandamos. Apagam-se números, fotos, nomes, facebooks , mas a porra da memória falha-nos sempre e faz questão de nos lembrar. Saudade não existe em português. Saudade sente-se mesmo não tendo que falar. Não é uma palavra. É um sentimento, gasoso, da zona da reciclagem...
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