Não me proponho certamente com esta conjectura a ser uma guru espiritual ou sequer a alegar possuir a fórmula secreta para a perfeição, mas tão somente a fazer uma reflexão crítica baseada na observação daquilo que me rodeia.
Porque não duram os casamentos? Porque pura e simplesmente não há inteligência emocional ou não há vontade para que durem!
E a vontade ou inteligência não acontecem com a série de cedências que nos ensinam ser o elemento necessário para que um relação resulte! Não! As cedências consecutivas conduzem-nos invariavelmente a um profundo desconhecimento de nós próprios e a um gradual afastamento dos nossos objectivos iniciais de vida, que acabam por se converter numa enorme revolta contra o nosso companheiro ou companheira, por sentirmos que demos tanto por uma relação e não termos recebido o mesmo em troca.
A verdade é que a tolerância também não me parece uma palavra fundamental numa relação e muito menos a palavra "perdão" que, ao existir já originou um sentimento de mágoa ou revolta que vai corroendo tudo pouco a pouco, deixando profundas marcas que não mais saram. Perdoar? Talvez. Mas, esquecer?Nunca.
Quantos de nós já ouvimos frases como "ah, tens que deixar andar", ou "não ligues", "dá tempo ao tempo", "pode ser que as coisas mudem"? No entanto e analisando bem, terão efectivamente estas maravilhosas pérolas e clichés de facto contribuído para melhorar alguma problema nas nossas vidas? Não creio.
É só uma questão de pararmos para observar o mundo à nossa volta, as expressões faciais daqueles com quem nos cruzamos em situações tão banais do dia a dia como por exemplo uma simples ida ao restaurante, para logo vermos o tamanho do sacrifício a que se votaram.
É isto viver? É isto ter uma relação? Olhar para aquela ou aquele com quem voluntariamente (espero eu, porque os tempos idos dos casamentos por conveniência já lá vão) decidimos um dia partilhar a nossa vida e só conseguir soltar suspiros de saturação, já para não falar de qualquer outro sentimento bem mais complexo e desestruturante que se possa manifestar!
E é triste. É triste nesta breve passagem que é a nossa vida, não procurarmos muitas vezes o melhor para nós e para quem connosco está, deixando-nos enredar numa teia de dor, tristeza, raiva e até medo da mudança.
Por isso reflictam, pensem se estão bem, sejam honestos convosco para poderem ser honestos com os outros e amem a vida por aquilo que ela é: um conjunto imenso de possibilidades e experiências a desfrutar.
Ana Resende
Comentários
Visão nilista da vida
Cara Ana, olá. É com grande interesse e até alguma curiosidade que tenho acompanhado os seus textos. Neste em particular, a Ana parece ter uma visão bastante redutora da vida. Nilista até, diria eu!
Em termos astrológicos, entrámos na era do Aquário, cujos profetas enchem as suas previsões para dizer que será uma era de maior esperança e fé na raça humana. É curiosos que sendo uma aquariana, as suas palavras resvalem em sentido contrário. Parece que K. Popper estava certo e nós somos constituidos em partes iguais por arrquétipos à priori da nossa existência, mas simultaneamente somos moldados pelas nossas experiências.
Já eu, acredito viva e intensamente no amor. Simples, sincero, quase angelical, se se pode adjetivar um sentimento desta forma pura. Sem manipulações, sem desconfianças. O primado do sentimento sobre a vida mundana. Talvez sejamos de pontos opostos do zoodiaco e até das experiências de vida, mas o amor comigo é uma experiência de uma vida inteira, o que não signifique que na pratica assim seja, pois falamos de comportamentos humanos, com toda a subjectividade inerente a essa condição e estamos sempre dependentes do que a outra pessoa quer, dos seus estados de espirito e metas. Quero envelhecer ao lado de alguém, sem erros, sem esqueletos no sótão. Aliás, quero vislumbrar a minha vida conjugal como uma maquete de uma qualquer paisagem idilica, marcada por um riacho de água cristalina, um prado verde culminando numa montanha escocesa coberta de neve... Aconteça ou não, essa é a minha luta e será sempre. Açguém um dia me disse que o verdadeiro amor, não seriam duas pessoas olhando uma para a outra, mas sim as duas olhando na mesma direcção. Conheço-me bem o suficiente para saber que jamais desisitirei desta máxima. Alguém por ai sentirá como eu. Pode ser a pessoa com quem está hoje comigo ou não; isso apenas o tempo o dirá.
Talvez a Ana já tenha pensado assim; Talvez a vida a tenha deitado abaixo diversas vezes. Mas ou nós nos conhecemos bem o suficiente e gostamos de nós o suficente ou não conseguiremos amar ninguém até aquela imensidão de definirmos compromissos entre o casal. É que para eu gostar de algúem, primeiro tenho que gostar de mim próprio. Para mim, o casamento é para durar. Assim como foram os namoros. Só mesmo depois de muitas, muitas provas em que não funcionamos, é que as coisas devem terminar. Dias bons e dias maus, todos temos, por isso há que dar tempo ao tempo e perceber inequivocamente que as pessoas não são compatíveis, porque é suposto haver umprojecto de vida em comum, que pode e deve passar por uma familia, num plano mais emocional, mas deve passar por percursos profissionais compativeis, em sitios comuns, etc. Creio que o amor, tem tanto de emocional e espiritual, com de pratico e é bom haver no casal, um que seja emocional e outro que seja prático. É como filhos, esse balanço torna-se tão dificil, quanto necessário.
Um bem haja.