Papel higiénico, o que é isso?

 

Papel higiénico, o que é isso?

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Poço Barreto:

Era aqui que nós, já no tempo em que estávamos em Almada e Moura, preferíamos ir passear. Quando viemos para Lagos, esses passeios tornaram-se mais assíduos, era raro o fim de semana que o meu pai não nos metesse no carro, nesta altura um Austin não sei quantos, verde água, e nos levasse até lá.
 O carro não chegava à porta da minha avó Florinda que morava numa casa geminada com a do meu tio Manuel e da minha tia Ermelinda. Tínhamos de deixar o carro a uma boa distância mas não nos cansávamos. A minha mãe avisava para não irmos à frente, saltitando porque a minha avó tinha uma cadelinha pequenina, a Fadista que era preta com as pálpebras de cor castanha muito clara e mordia. No entanto ela podia estar mais de um ano sem nos ver que nos reconhecia e nunca nos fez mal.
 A minha brincadeira preferida era correr pelos campos, apanhar amêndoas de côco, que eram umas que podíamos partir a casca com os dentes, e que ficavam caídas quando as pessoas faziam a apanha da amêndoa. Essas amêndoas que apanhavam das árvores tinham por fora uma casca verde, Punham a secar e depois tiravam a casca verde já seca e ficavam com o aspecto que têm quando as compramos.. Também gostava de andar de baloiço que o meu pai improvisava com uma corda debaixo de uma grande alfarrobeira.
 Um dia andava pelo campo com a minha prima Ausenda, filha do tio Manuel e da tia Ermelinda e deu-me dor de barriga, a minha prima muito despachada (era mais velha do que eu e a minha irmã) disse que ali faziam as necessidades atrás das árvores, só quando estavam em casa iam à casa de banho da avó, que era uma espécie de um banco muito largo, corrido, de parede a parede, feito de madeira com um buraco onde nos sentávamos .....risos
 Eu segui o conselho da Ausenda fui lá debaixo de uma figueira mas depois fiquei aflita porque não tinha papel (estou escrevendo e rindo), então ela perguntou para que queria o papel pois o rabinho ali limpava-se com uma folha. Arrancou duas folhas de figueira e deu-me. Usei-as e no dia seguinte tive de ir ao médico, estava com uma grande alergia ......risos...Nunca mais me esqueci e nunca mais mexi em folhas de figueira, só comia os figos que me apanhavam.
 Outra coisa que eu adorava era ir buscar água com uns cântaros que iam presos num suporte, de cada lado dos burros. Iam sempre dois burros buscar água para beber e cozinhar, para outras coisas usavam água de uma cisterna que tinham em frente à porta da casa. Estava sempre ansiosa para que se acabasse a água para fazer aqueles quase 2 km em cima do burro.... então andava sempre a pedir água para beber ....ahahhaha
 Gostava também que chegasse a noite para ver aquelas lamparinas e candeeiros a iluminar o nosso espaço. A vida nessa altura e nesse lugar, sabia a magia, tinha outro encanto!

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