PALAVRAS II
As palavras correm na direcção da liberdade, como um rio corre para o mar. As palavras nascem de uma fonte inesgotável chamada alma e conforme percorrem um trilho, deixam as suas marcas.
A água atravessa montanhas, desfiladeiros. Percorre os mais recônditos habitats e as palavras também! Exploram as entranhas no nosso ser, viajam no universo interior e depois vão saindo para outros mundos tocarem. Alguns as absorvem, outros a vêem passar. Uns saciam a sua cede apenas ouvindo cada uma atentamente, outros ouvem apenas ruídos. Uns fazem delas uma melodia tão suave, tão sublime! Assim as palavras vão riscando o seu percurso, deixando os seus vestígios, saciando-nos como a água faz.
Quando vem as tempestades, por vezes, fica o cenário de destruição, árvores tombadas, planícies inundadas.
E assim são também as palavras quando caem desenfreadas. Também podem deixar as marcas da destruição. Destroem sonhos, destroem encantos.
Mas depois, com o tempo, as árvores que foram destruídas são substituídas por outras que brotam naturalmente e crescem, florescem e abundam energia. Assim também acontece com os sonhos que se desvaneceram. Os desencantos que se voltam a encantar. As palavras são assim, têm o poder de dar vida, de fazer vibrar.
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