Juarez Neto, gaúcho de Santa Maria, desenvolveu o gosto pelo tango devido à influência familiar. Ele cresceu ouvindo e assistindo shows desta dança, a qual exibe um monobloco de sensualidade, drama e paixão regido pelo trio violino, flauta e violão.
Ele é tão apaixonado por este estilo que assistiu inúmeras vezes ao filme “Perfume de Mulher” interpretado por Al Pacino, afinal, o tango Por Una Cabeza de Carlos Gardel integra a trilha sonora.
Ao completar 80 anos de óbito do artista imortal por acidente de avião, Juarez viajou à Buenos Aires e seguiu para o cemitério de Cacharitas. Há muito desejava conhecer.
Apesar da extensão do cemitério tanto no plano horizontal como vertical — com três níveis abaixo do solo — a referência do local é a Rua 33.
Após alguns minutos de caminhada pela ala principal, enxergou a estátua perfeita. Ela, ali, na esquina; a cópia do estilo clássico do passado em toda sua plenitude — de terno, colete, gravata borboleta e com uma mão no bolso e outra na altura do abdômen.
Juarez aproximou-se e absorveu as imagens das flores, túmulo, ornamentações e a figura do ícone. Ficou na mesma posição quase uns dez minutos. A seguir, pegou uma das rosas vermelhas junto à sepultura e a colocou no pequeno vão existente entre a mão e o abdômen da imagem e se retirou.
Depois de excursionar por quase duas horas, decidiu-se por ir embora.
No momento que transpôs os grandes portões da entrada, ele ouviu o choro suave e longínquo de um violino acompanhado pelo exímio e solene som de uma flauta. Parou, virou-se, olhou para o interior do cemitério e sussurrou:
- Não acredito!
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Comentários
O Tango Eternizado
Adorei o conto. Uma escrita deliciosa de se ler. Sucesso sempre!
Juarez Neto é gaúcho da terra onde morei por muitos anos e onde cursei a Academia de Belas Artes.
Agradecimentos, Débora!
Obrigado pelas palavras!
Bela coincidência, não?