O Silêncio se encantava cada vez que a Noite se aproximava. Aquele momento era mágico. Havia um alvoroço de canto de pássaros, cada qual procurando um galho de árvore para se abrigar. Depois que a Noite encobria todo o céu, com seu manto escuro, a lua aparecia e as estrelas tremeluziam, iluminando os caminhos em que o Silêncio se tornava mais sutil. A Noite muitas vezes procurava o Silêncio e tentava com ele conversar. Na verdade, era apenas um monólogo, seguido de vários silêncios, que só o Silêncio era capaz de interpretar. A Noite sabia disso e ficava cada dia mais enamorado do Silêncio. Ele era altivo, majestoso e muito perturbador. E era exatamente isso que a Noite mais gostava no Silêncio. Ele via a Noite se aproximar e ficava esperando ouvir todos os sons que ela sempre trazia. E eram sons que encantavam o Silêncio. Cada dia ele podia ouvir todos os segredos que a Noite contava. A Noite era um ser apaixonante, que embriagava o Silêncio com toda a sua formosura. A cada anoitecer, um novo amor acabava por nascer. E eram sonhos lindos que embalavam a Noite, até o dia amanhecer. Era quando a Noite percebia que era hora de ceder o lugar ao dia, que se espreguiçava languidamente, fazendo os apaixonados lembrarem que mais um dia nascia e os sonhos esperavam mais uma noite chegar, para sonharem abraçados, sob a luz do luar.
Débora Benvenuti
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