O encontro

 

O encontro

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            Quer parecer-me que a loucura deu lugar à liberdade e que a felicidade veio em lugar da inconsciência, é que, com o sentimento de liberdade vem a felicidade. Não sei de onde vieram as forças para tais conquistas, ou talvez saiba, porém o que importa, em determinadas situações, não é a forma como chegámos às coisas, mas sim o próprio facto de termos conseguido chegar a elas. Uma vez atravessada a floresta não importa mais olhar para observar o caminho que se trilhou, mas sim apreciar a luz do sol que se está a erguer por detrás das montanhas; isto é, apreciemos a luz e deixemos as trevas para trás.

            Sabe bem voltar após tantos meses de cativeiro, sentir a leve e fresca brisa do mar pela manhã e não pensar em nada mais, somente no momento presente, sem medo de voltar a cair nas águas do desequilíbrio; sabe bem voltar a ser feliz, mesmo que só por breves instantes: valeu a pena o árduo caminho.

            Estou em crer que todo o ser humano necessita de, de quando em vez, perder-se um pouco para saber sempre o que é voltar; talvez sem uns momentos de loucura nunca se desse realmente valor ao que se encontra quando se volta; talvez sem o desencontro não houvesse o encontro: é necessário perder-se para voltar a encontrar-se: não importa o tempo que demora, importa sim chegar ao encontro pleno consigo próprio e com o mundo.

            “E solitária e sem ninho a águia atravessará o sol.”, disse Kahlil Gibran.

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