Parecia sempre só, como se tivesse acabado de nascer.
Despertava para a vida, todos os dias, à descoberta, em expedição...
Olhava tudo pela primeira vez, memorizava aromas, texturas, sensações.
Procurava o frio, o calor, a dor, a ilusão.
Queria apaixonar-se, sofrer e enlouquecer, pelo menos, uma vez.
Queria adormecer e acordar nos braços de um grande amor.
Nunca havia chorado. Queria fazê-lo, compulsivamente, até que as entranhas secassem.
Sonhava voar. Rasgar o céu sem limites, correr atrás do horizonte...
Não sabia que tinha caído e que estava, de novo, a erguer-se.
Desconhecia que já tinha enlouquecido, pelo menos, uma vez.
Que a sua vida, afinal, havia começado, há muitos anos atrás.
Que tinha sonhado demais, acreditado para sempre, que vivera a desilusão.
Que existia uma história, a sua história.
Que um dia quase se afogara de amor.
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