Resumo da obra
Em tom de memória, Olga sentindo-se verdadeiramente amada e correspondida, não resiste em contar ao seu amado, de uma maneira bastante lírica todos os novos sentimentos que nutre por ele. Ao mesmo tempo vai-lhe contando toda a sua vida e os seus mais íntimos segredos nunca antes revelados. Assim lhe expõe as condições sociais em que viveu, os seus pensamentos e análises que faz do contexto político e social ao longo de mais de 50 anos. Com tudo isto tenta dar uma visão fiel e desapaixonada desses tempos em que nasceu, viveu, cresceu e sofreu.
Por outro lado desvenda-lhe como os seus dons de vidência e forte intuição surgiram e como somente aos vinte anos começou a colocá-los em prática e como também lhe trouxeram alguns dissabores. A aliar a tudo isto revela-lhe quase todos os seus sonhos, visões que teve das almas do outro mundo, como as ajudou e como elas a ajudaram.
Através da escrita bastante romântica vai confirmando todo o amor que lhe tem e como ao longo de toda a sua vida nunca se sentiu tão amada como agora. Então olhando para dentro de si e da sua alma vai-lhe apresentando o porquê de não conseguir ser amada como desejava desde menina, devido a muitos fatores que o condicionaram, não só por parte da própria família, como também dos amores que teve.
De uma forma desinibida, crua, real conta todas as peripécias, sofrimentos atrozes, desamores, desilusões e ingratidões que viveu com todos os homens que conheceu. Embora não fosse essa a sua vontade, a certa altura resignou-se a aceitar o que o destino lhe reservava, não esquecendo as condições sociais e políticas da época que muito a forçaram a que tivesse de tomar certas opções que de antemão não pretendia, mas que no fundo eram as mais indicadas.
Mesmo da parte de quem amou e entregou foi abandonada, posta na rua com o seu filho, não se sentiu fragilizada, nem desistiu da vida, nem do seu muito amado filho. Assim humilde, pobre, reservada, foi à vida com a cabeça levantada e sem medos. Sempre cumpriu os seus deveres para com o seu único filho, que criou sozinha, sem ajudas de quase ninguém. Ao longo da sua jornada, solitária com o filho, veio a conhecer duas pessoas que lhe abriam muitos horizontes de esperança, para que pudesse ter alguém a quem amar, sentir proteção e carinho. Porém, um porque não sentiu coragem de ficar a seu lado, apenas desapareceu, e outro porque lhe faleceu.
Como a época era deveras imensamente exigente para com uma mãe solteira, resolveu juntar-se a uma pessoa que mostrava muito interesse por ela e assim levarem juntos uma vida melhor. No entanto perante uma sociedade tremendamente machista, de um momento para o outro, revelou todo o seu machismo mais doentio que se conhecia, no lado mais terrível, injusto e ignóbil. Cada vez mais incompreendida e quase levada à morte pelo mau trato doméstico, vendo-se num beco sem saída, por sua conta e risco resolve dar outro rumo ao seu destino. Mais uma vez sozinha e sem amor que a valesse, ao fim de vários anos, vendo o seu filho criado com um futuro risonho, conhece outra pessoa que a despertou para um novo amor. No entanto, o que parecia ser um mar de rosas revelou-se o contrário, dado que se deparou com um incorrigível alcoólico. Sem saber o que fazer, visto estar muita apaixonada por ele, resolve abandonar tudo para trás e seguir outro caminho. Até que por fim conhece a pessoa que havia tantos anos procurava no mais fundo do sue coração.
Tudo isto numa narrativa de uma alma apaixonada, muito sensível ao amor, que se desvela profundamente magoada, ferida e chagada pelos muitos dissabores que a vida lhe deu. Não esquecendo todo o contexto social e político do seu país ao longo de mais de um cinquentena de anos envolvido em questiúnculas ferozes, agrestes, violentas e sangrentas. Então apresenta o seu país num contexto em que América Latina era vista como um continente sem qualidade e sem saída saudável e sem um destino risonho, sendo à época considerado um lugar sem solução à vista. Apenas os países mais evoluídos a viam como uma mina donde poderiam tirar os seus melhores proveitos, explorando-o ao máximo nos seus recursos e ao povo que o habita. Tudo isto é revelado, criticado e analisado por Olga, numa forma neutra de quem viveu na pele e no mais fundo da alma as condições mais pobres e quase miseráveis, não deixando de sempre amar o seu lindo e belo país que é a Colômbia.
Comentários recentes