O café que faz é forte. Não só o acorda a ele como a todas as variantes de si mesmo. Tanto fica horas observando cinco janelas e uma porta, como salta pela varanda com laivos de menino endiabrado, tal e qual aquele que fora vinte anos atrás. Poucas são as coisas que o sossegam. Até a sua paz é nervosa. Rei e senhor de mil montanhas-russas, dono do parque de diversões onde não cobra a quem participa mas garante uma visita plena de desassossego: Parque do desassossego, onde pássaro algum fica no chão. Sabe Deus quantas pessoas voariam como os pardais quando lhe escutassem os passos se asas tivessem. Ainda bem que os humanos estão condenados ao chão. É da maneira que cagam menos uns nos outros. Em breve regressa a casa e por lá fica como se nunca tivesse saído. O sol tem-se deitado mais cedo (deve ser por já não nos conseguir aturar) e a noite encorajará os tagarelas a fechar bocarras e adormecer. Do mal o menos: A paz é nervosa, os pássaros não pousam, as pessoas não têm asas e o café é forte. Mais do que isso também não sei.
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